Com um trabalho incessante, o grupo "Dose mais forte" tem reinserido milhares de ex-dependentes químicos à sociedade
De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) e divulgado no último dia 13, o crack já chegou a 98% das cidades de todo o País. A pesquisa também revelou que mais de 91% não possuem programa municipal de combate a droga e nenhum tipo de auxílio dos governos federal e estadual para desenvolver ações.
Em coletiva à Imprensa, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, disse ser necessário que haja uma união de todos para combater o avanço da droga: “Queremos conversar de forma efetiva com o governo federal para buscar uma solução eficaz, urgente, que integre a União, os Estados e os Municípios, além de mobilizar a sociedade civil. Isso precisa ser enfrentado imediatamente.”
Em julho deste ano, um estudo sobre o crack no Brasil apresentado pelo Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apontou que o crack representa 39% dos atendimentos psiquiátricos no Brasil. Além disso, a pesquisa mostrou que ele mata de diversas formas, tanto pelo uso prolongado, como também pelos crimes cometidos pelos usuários para conseguir a droga.
Diante desta triste realidade, há 3 anos, o grupo Força Jovem Brasil desenvolve um trabalho voltado exclusivamente para tratamento dos dependentes químicos chamado “Dose mais forte” (foto ao lado). Com o apoio de 8 mil voluntários, o grupo, que mantém centros de ajuda espalhados por todo o País, já recuperou mais de 80 mil pessoas por meio de palestras explicativas, orientações bíblicas, projetos esportivos, culturais e profissionalizantes.
De acordo com o coordenador do Força Jovem Brasil, Jean Madeira, a inspiração para a criação deste projeto surgiu com a leitura do relato de vida do bispo Renato Maduro, falecido no último dia 12, feito no livro “Dose mais forte”, que explica como ele, após 12 anos fazendo uso de todos os tipos de substâncias tóxicas, conseguiu se libertar do vício, tornando-se um marido e pai de família exemplar.
O pastor também explica que o sucesso do trabalho deve-se ao método de conscientização utilizado pelos voluntários, que se esforçam ao máximo para afastar o dependente do vício. “O grupo tem transformado sonhos em realidade, pois nós resgatamos uma juventude que vive à margem da sociedade e damos a ela um futuro promissor. Neste projeto, os jovens recebem uma nova visão, estabelecem novas amizades e conquistam uma nova vida”, afirma.
Nova vida que o motorista Geidson Ferreira de Medeiros, de 27 anos, conquistou. Ele conta que, durante 10 anos, viveu viciado em maconha, cocaína, lança perfume entre outros tóxicos. Para sustentar o vício, ele começou a traficar e chegou a ser preso. “Uma vez eu levei 6 tiros por causa de guerra entre quadrilhas. Hoje estou vivo, e liberto, graças a Deus e ao projeto Dose mais forte”, relata.
Mas não são somente os jovens que são beneficiados pelo programa. Quem conversa com o funcionário público, Francisco Carlos Tavares Ferro (foto ao lado), de 42 anos, não imagina que ele foi dominado pelo crack por 4 anos. “Por curiosidade, aos 14 anos, eu conheci a maconha, o cigarro e a bebida. Mas eu queria mais e comecei a usar cocaína, chegando ao ponto de me tornar traficante apenas para sustentar meu vício”, lembra.
Em busca de algo mais forte, aos 33 anos, Francisco fez o uso do crack pela primeira vez; decisão que quase colocou fim a vida dele. “Eu era um pai presente, morava com minha esposa e meus filhos, mas a dependência ficou tão forte que eu não queria que a minha família me visse sob o efeito da droga, foi então que abandonei tudo”, relata.
Um dia, após usar a droga durante um dia inteiro, Francisco recebeu o convite para participar de uma reunião do Força Jovem; dia que marcou a história da vida dele. “Nesse dia eu estava disposto a me matar, mas aceitei o convite, assisti a reunião e daquele momento em diante eu determinei que não usaria mais a droga. Não foi uma decisão fácil, enfrentei muitas lutas, mas faz 5 anos que estou liberto do tóxico”, afirma.
Hoje, Francisco faz parte dos voluntários que oferecem ajuda aos dependentes e faz questão de compartilhar a mudança conquistada com todos, agradecendo também pelo apoio recebido do “Dose mais forte”. “Antes, eu não tinha nem o que calçar, hoje, ajudo quem se encontra na mesma situação que um dia me encontrava, pois sou muito grato a Deus pelo que fizeram por mim”, agradece.
Neste ano de 2010 o grupo realizou palestras de prevenção às drogas em escolas, universidades, comunidades carentes e presídios (veja a galeria de fotos). Além disso, promoveu doações de sangue e de donativos aos necessitados. Porém, em 2011, as atividades do “Dose mais forte” continuarão a todo vapor, como explica o coordenador do grupo, em São Paulo, Erik Teixeira. "Está prevista para o início do ano uma caminhada intitulada 'Crack, tire essa pedra do seu caminho', que será realizada em todos os estados brasileiros, mobilizando milhares na luta contra o mau que tem devastado a sociedade. Convidamos a todos que se engajem nessa luta, junto conosco", convida.
O programa "Fala que eu te escuto", da Rede Record, exibiu, recentemente, uma matéria mostrando a intensidade deste trabalho, assista clicando aqui.
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