Filme mostra pai e filho buscando sobreviver, de maneira ética, em um mundo devastado e repleto de pessoas miseráveis
Não há país no mundo que produza tantos filmes pós-apocalípticos como os Estados Unidos. Explosões nucleares, epidemias que transformam pessoas em criaturas raivosas e adeptas ao canibalismo, seres extraterrestres que aterrissam no planeta Terra para destruí-lo. E, curiosamente, a nação norte-americana é sempre o cenário principal.
“A Estrada”, dirigido por John Hillcoat, é um filme tímido, não há tantas cenas com os acontecimentos descritos anteriormente. A primeira imagem exibe um jardim colorido por belas flores e árvores em seu mais intenso florescer, repletas de folhas, simbolizando, supostamente, a vida.
No entanto, a cena é apenas uma lembrança do personagem vivido por Viggo Mortensen. No tempo em que se passa o filme, o mundo é um imenso vazio acinzentado, que ficou dessa forma após um evento cataclísmico atingir o planeta, devastando a natureza. Ninguém sabe exatamente o que aconteceu, e é esse suspense que tempera o enredo.
Em nenhum momento são citados os nomes dos personagens, mas dificilmente o telespectador sente falta desse detalhe. Em um mundo carente de vida, dados desse tipo são irrelevantes. O roteiro é focado na intensa relação de um pai e seu filho, que, após a mãe da família suicidar-se, rumam em direção ao litoral, seguindo uma estrada repleta de obstáculos.
Quase toda a humanidade perdeu a esperança, e, com ela, a decência e a dignidade. O importante é sobreviver, nem que para isso seja necessário roubar ou matar outras pessoas para servirem de refeição. A maior lição que o pai ensina ao filho durante a jornada é a de ter bondade, característica que os diferencia do resto das pessoas, que simplesmente vagam a esmo, devorando seus semelhantes.
“A Estrada” é uma paródia da vida real. Em um mundo estragado, em que a esperança se esvai, sempre é possível encontrá-la entre as crianças. O pai, preocupado em proporcionar segurança ao filho e prepará-lo para a sua ausência póstuma, mostra a ele que às vezes é necessário ser firme e abandonar a inocência. Muitas cenas podem parecer cruéis, mas somente ilustram o ciclo da vida e a transmissão de ensinamentos de um pai a seu filho.
O filme ensina que, quando um ambiente hostil cerca as pessoas, é possível se diferenciar, buscando a bondade nos atos, e que esta, por sua vez, não deve excluir a severidade. Para atravessar “a estrada” da vida e todos os seus obstáculos com sucesso, é preciso saber conciliar essas duas características.
Assista ao trailer:
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